Comunicação não violenta: o que é e como aplicar

O que é a comunicação não violenta

A comunicação não violenta, ou CNV, é uma abordagem criada por Marshall Rosenberg. Ela busca promover o entendimento mútuo por meio da empatia e do respeito nas conversas.

Trata-se de um modelo que valoriza a escuta ativa, o sentimento humano e a clareza nas necessidades. Portanto, não se trata apenas de “falar de forma gentil”, mas sim de se comunicar de forma consciente e construtiva.

A ideia é que, ao nos expressarmos com autenticidade e escutarmos com empatia, conseguimos resolver conflitos com mais facilidade. Como resultado, relações pessoais e profissionais se tornam mais saudáveis.

comunicação não violenta

Como surgiu a CNV

A CNV foi desenvolvida nos anos 1960 por Rosenberg, psicólogo e mediador de conflitos. Ele observou que muitas situações de conflito tinham origem na forma como as pessoas se comunicavam.

Sua proposta, então, foi criar um método que facilitasse o diálogo e a conexão entre os indivíduos, mesmo diante de divergências. Ainda mais, ele trabalhou em regiões afetadas por guerras, como Israel e Ruanda, promovendo reconciliações com base nesse método.

Os quatro pilares da comunicação não violenta

A CNV se baseia em quatro componentes principais. Cada um deles ajuda a tornar o processo de comunicação mais claro, empático e respeitoso.

1. Observação sem julgamento

O primeiro passo é observar os fatos sem misturar com opiniões ou julgamentos. Ou seja, descrever a situação de forma neutra.

Por exemplo: “Você chegou 20 minutos depois do combinado”, em vez de “Você sempre atrasa e não respeita meu tempo”.

Isso evita que a outra pessoa se sinta atacada e já crie resistência. Assim, a conversa flui com menos tensão.

2. Expressar sentimentos

Depois da observação, vem a expressão dos sentimentos reais. Aqui, o foco está no que você sente, não no que o outro “te fez sentir”.

Por exemplo: “Fiquei frustrado com o atraso”, em vez de “Você me irritou”.

Essa mudança de foco permite assumir a responsabilidade pelas emoções. Além disso, ajuda o outro a entender seu estado interno sem se sentir culpado.

3. Identificar necessidades

Todo sentimento aponta para uma necessidade atendida ou não atendida. Identificar isso é essencial para comunicar o que está por trás das emoções.

Por exemplo: “Fiquei frustrado porque preciso de pontualidade para me organizar melhor”.

Nesse ponto, a conversa ganha profundidade. Afinal, as pessoas se conectam mais com necessidades humanas do que com acusações ou reclamações.

4. Fazer pedidos claros

Por fim, é importante fazer pedidos concretos e possíveis. O ideal é evitar exigências e focar em sugestões claras.

Por exemplo: “Você poderia me avisar com antecedência caso perceba que vai se atrasar?”

Esse tipo de pedido dá ao outro a chance de contribuir voluntariamente. Todavia, vale lembrar que a outra pessoa tem o direito de dizer não.

A importância da empatia

Empatia é a chave da CNV. É o ato de se colocar no lugar do outro, tentando entender seus sentimentos e necessidades.

Isso não significa concordar com tudo, mas ouvir com presença. Inclusive, a empatia pode ser oferecida antes mesmo de uma resposta verbal. Um silêncio atencioso, por exemplo, já é uma forma de escuta empática.

Quando nos comunicamos com empatia, criamos um espaço seguro para que o outro também se expresse com honestidade. Como resultado, as chances de resolução de conflitos aumentam.

Diferença entre CNV e passividade

É comum confundir CNV com passividade, mas são bem diferentes. A comunicação não violenta é assertiva, ou seja, expressa sentimentos e necessidades de forma clara e respeitosa.

A passividade, por outro lado, evita conflitos a qualquer custo. Isso pode levar ao acúmulo de frustrações e mágoas. A CNV, portanto, é um caminho de equilíbrio entre honestidade e empatia.

CNV no ambiente de trabalho

A comunicação não violenta tem grande aplicação no meio profissional. Ela pode melhorar a relação entre colegas, reduzir mal-entendidos e aumentar a produtividade.

Por exemplo, em vez de dizer “Você nunca ajuda”, um líder pode dizer: “Notei que nos últimos dias precisei assumir parte das suas tarefas. Isso me sobrecarregou. Você pode me contar o que tem acontecido?”

Além disso, a CNV é eficaz em reuniões, feedbacks e negociações. Como resultado, o clima organizacional tende a ser mais colaborativo.

CNV nas relações pessoais

Nas relações pessoais, a CNV ajuda a lidar com desentendimentos de forma mais saudável. Em vez de reagir com acusações, é possível criar um espaço de escuta e compreensão.

Por exemplo, em vez de dizer “Você só pensa em si”, dizer: “Quando você não pergunta como foi meu dia, me sinto sozinho. Eu preciso me sentir importante na sua vida”.

Ainda mais, ela ajuda a fortalecer vínculos familiares e afetivos, promovendo confiança mútua.

Como colocar a CNV em prática

Colocar a CNV em prática exige treino e autoconhecimento. Veja alguns passos simples para começar:

Pratique a autoempatia

Antes de falar com o outro, escute a si mesmo. Identifique o que está sentindo e o que precisa. Essa pausa pode evitar reações impulsivas.

Use frases na primeira pessoa

Evite apontar o dedo. Use frases como “Eu me sinto…” em vez de “Você é…”. Isso diminui a chance de defensividade.

Peça, não exija

Lembre-se de que o outro tem o direito de dizer não. Um pedido deve ser uma sugestão, não uma imposição.

Observe mais, julgue menos

Preste atenção nos fatos e tente separar o que aconteceu do que você acha que aconteceu.

Ouça com atenção

Evite interromper. Dê tempo para a outra pessoa se expressar. Às vezes, só o ato de escutar com atenção já transforma uma conversa.

Dificuldades e persistência

Adotar a CNV não é fácil no começo. Muitas vezes, estamos condicionados a reagir com críticas, ironias ou julgamentos.

Entretanto, com prática constante, a comunicação vai se tornando mais fluida e empática. Inclusive, é comum inspirar outras pessoas a adotarem a mesma postura.

Logo, vale a pena persistir. Afinal, a CNV pode transformar não só relacionamentos, mas a forma como lidamos com o mundo.

Conclusão

A comunicação não violenta é uma ferramenta poderosa para cultivar conexões humanas mais verdadeiras. Ao praticá-la, tornamos as conversas mais claras, respeitosas e eficazes.

Ela nos convida a olhar para além das palavras duras, reconhecendo as necessidades e sentimentos por trás delas. Assim, contribuímos para uma convivência mais harmoniosa e empática em todos os espaços da vida.

Considere também adquirir conhecimento por meio de algumas publicações destacadas sobre comunicação e oratória. Boa jornada!

Referências

  • ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não-Violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Ágora, 2006.
  • CNVC – Center for Nonviolent Communication. Disponível em: https://www.cnvc.org
  • Instituto CNV Brasil. Disponível em: https://www.institutocnvbrasil.com.br

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Autor

  • Léo Lucas é jornalista (MTB) pós-graduado, radialista (DRT), com especialização em comunicação & semiótica, oratória e também cerimonial público pela ALESP.   Também é bacharel em Administração de empresas (USCS) e atua como palestrante, locutor, consultor de eventos, mediador de painéis e debates, além de ter no currículo passagens como editor chefe e repórter em grandes veículos de comunicação como: SKY Sports+, TV TEM - afiliada rede Rede Globo, TV Cultura, Portal Terra, entre outras emissoras de rádio e TV.   Produziu reportagens em quase 30 países. Cobriu três Copas do Mundo, esteve nas Olimpíadas de Londres e nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, onde foi announcer oficial pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).   Soma-se ao currículo a docência no módulo de locução profissional no SENAC e a Direção na UCE (Unidade de Cerimonial e Eventos) na prefeitura de Santo André.   Ao longo dos últimos 25 anos teve a oportunidade de conviver e apresentar grandes porta-vozes e entrevistar de campeões olímpicos a presidentes da república, compilando esta experiência, atrelada a estudos e análise de pesquisas, nos seus cursos, palestras, treinamentos e artigos.

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